A jornada da Infraestrutura como Código (IaC) começou com a promessa de transformar a forma como gerenciamos ambientes de TI, trazendo eficiência e consistência para o provisionamento e manutenção de recursos na nuvem. Entretanto, à medida que a complexidade da infraestrutura aumentava, as promessas da IaC começaram a enfrentar grandes desafios.

O Surgimento da IaC

Implantar e manter e aplicações e infraestrutura de maneira segura e consistente sempre foi uma tarefa complexa. Com o tempo, surgiram ferramentas de gerenciamento para simplificar e padronizar a gestão desses recursos. Contudo, à medida que as organizações migraram para a nuvem, a base de gerenciamento expandiu, tornando certas tarefas manuais inviáveis. Nesse contexto, surgiu o DevOps, trazendo novas práticas de integração e automação para o provisionamento de software e infraestrutura.

A mudança para a nuvem e a ascensão do DevOps culminaram no conceito de Infraestrutura como Código (IaC), que permite a configuração e gestão da infraestrutura da mesma forma que gerenciamos o software. Entretanto, a IaC não conseguiu cumprir completamente a promessa de implantar e manter recursos na nuvem de maneira rápida e fácil. Veja a seguir o porquê.

A Infraestrutura como Código começou a ganhar forma em meados dos anos 2000, com a introdução de ferramentas como Puppet e Chef, que ajudam a gerenciar ambientes de computação com facilidade.

Com a popularização dos contêineres, microsserviços e Kubernetes, as necessidades de gerenciamento mudaram novamente. Visando atender a esse cenário, a HashiCorp lançou o Terraform, oferecendo uma nova maneira de padronizar o provisionamento na nuvem e cunhando a frase “Infraestrutura como Código”.

Início Promissor e Complexidade Crescente

No início, as ferramentas de IaC aumentaram a eficiência na configuração de infraestruturas, permitindo implantações mais rápidas por meio de processos e fluxos de trabalho automatizados. Ao automatizar tarefas e minimizar erros manuais, a IaC foi vista como a maneira de reduzir a sobrecarga operacional e diminuir a probabilidade de erros comuns na gestão manual.

Apesar dos benefícios iniciais trazidos pela IaC, a complexidade da infraestrutura na nuvem continuou elevada e em constante mudança. À medida que mais equipes se envolviam no provisionamento na nuvem, elas precisavam definir o melhor uso das ferramentas de IaC e aprender as nuances de cada uma.

Com uma grande variedade de ferramentas e frameworks disponíveis, aprender novas linguagens e ferramentas passou a ser desafiador para equipes de DevOps. A maioria das ferramentas de IaC faz o gerenciamento de infraestrutura usando linguagens declarativas, exigindo que as equipes aprendam a definir o estado desejado do ambiente, em vez de detalhar os passos necessários para alcançar um resultado.

À medida que uma aplicação se desenvolve, sua infraestrutura também precisa ser atualizada. Isso exige que os scripts de IaC sejam constantemente ajustados para refletir essas mudanças. Com o tempo, esses scripts podem se tornar complexos e difíceis de gerenciar, especialmente se a equipe original que os escreveu não estiver mais disponível para ajudar. É como tentar manter um jardim que cresce descontroladamente – sem cuidados constantes, ele pode rapidamente se tornar um caos.

Outro desafio é a falta de padronização. Em muitas organizações, diferentes equipes podem adotar diferentes práticas e padrões para escrever e manter seus scripts de IaC. Isso pode levar a inconsistências e dificuldades na manutenção e na resolução de problemas. Além disso, a documentação e a transferência de conhecimento entre equipes podem ser insuficientes, tornando ainda mais difícil manter a infraestrutura em um estado consistente e estável.

Esses fatores combinados levaram a uma diminuição no uso de ferramentas como o Terraform. Em vez disso, muitas organizações estão optando por soluções gerenciadas e serviços que abstraem parte dessa complexidade.

Ineficiências e Desafios

Contrariamente ao objetivo inicial, a IaC pode retardar o ciclo de vida do desenvolvimento de software, pois equipes diversas trabalham para provisionar recursos na nuvem. Engenheiros de operações ficam sobrecarregados com solicitações de implantação e devem vasculhar arquivos de configuração de infraestrutura para identificar problemas que possam resultar em acesso indevido, falta de conformidade ou sobrecarga de recursos. Esse processo faz com que as aplicações sejam publicadas mais lentamente, frustrando os desenvolvedores.

O fato é que definir configurações consistentes em múltiplos ambientes é complicado. Desenvolvedores de aplicações nem sempre são bem versados nas melhores práticas de segurança e design, enquanto as equipes de operações por vezes erram ao fazer mudanças diretamente no ambiente de nuvem. Embora as ferramentas de IaC forneçam templates para padronizar implantações de aplicações e serviços, os erros de configuração ainda são possíveis. Detectar, rastrear e remediar problemas de programação e configuração de sistemas ainda representa um desafio para as organizações.

Mudando o Ciclo da Complexidade

Vivemos em uma era emocionante de inovação no que diz respeito ao provisionamento e gerenciamento de sistemas. Vimos muitas ferramentas complexas surgirem para ajudar na implantação das aplicações, no entanto, elas exigem expertise para serem usadas de forma eficaz.

Uma alternativa que ajuda a manter o ambiente organizado, especialmente para quem roda aplicações em cloud servers, é distribuir configurações usando Chef ou Puppet e fazer o deploy das aplicações usando ferramentas de versionamento, como o Git ou Github. Essa abordagem gerar um nível de controle e de qualidade de implementação suficiente para atender a maioria dos sistemas.

O Futuro

A ascensão e queda da Infraestrutura como Código destaca a natureza dinâmica e complexa do gerenciamento de infraestruturas modernas. Embora a IaC tenha introduzido avanços no provisionamento e automação, a sua implementação requer um equilíbrio entre expertise técnica e padronização. A crescente complexidade dos sistemas mostrou que, embora poderosa, a IaC não é uma solução mágica.

O caminho, para a maioria das organizações, será explorar soluções personalizadas para mitigar esses desafios, buscando maneiras de simplificar a gestão de infraestruturas sem sacrificar o controle e a eficiência. A evolução contínua das práticas de DevOps e a inovação em ferramentas de gerenciamento de configuração irão, sem dúvida, continuar a moldar o futuro da infraestrutura em TI.

Juliano Simões
CEO da CentralServer

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