Pesquisas com líderes empresariais de todo o mundo mostram que as tecnologias digitais estão remodelando o ambiente corporativo global.
No estudo Digital Transformation Index, feito pela Vanson Bourne e divulgado recentemente pela Dell Technologies, foram ouvidos 4 mil líderes de negócios — de empresas de médio e grande porte — de 12 diferentes setores em 16 países. O Brasil foi incluído na pesquisa e aparece como o segundo país mais maduro no entendimento da relevância da transformação digital.
Estamos, segundo o estudo, passando pela a quarta revolução industrial. Ela traz desafios a empresas de todos os segmentos, mas negócios com modelos 100% digitais passam a dominar seus mercados. Não à toa, 78% dos entrevistados acreditam que não agir frente a essas mudanças representam uma ameaça para sua organização, seja agora ou no futuro.
Modelos de nuvem
Esse fenômeno está abrindo oportunidades para empresas inovadoras e ameaçando a sobrevivência de outras. Mais da metade (52%) dos líderes de negócios vivenciaram impactos em seus setores nos últimos três anos, com a expansão das tecnologias digitais e da Internet das Coisas, enquanto 48% deles não sabem como será seu setor daqui a três anos.
Por esse motivo, a maioria dos gestores já tem como prioridade investir na adoção ou na expansão do uso de soluções de computação em nuvem nos próximos 3 anos. E a sua empresa, já está se movimentando rumo à computação em nuvem para participar dessa transformação?
Nesse processo, é fundamental conhecer as opções existentes. Apresentamos, a seguir, os modelos de nuvem disponíveis para que você avalie qual é mais apropriado para ajudar seu negócio a sair na frente.
Nuvem pública
Nesse modelo de hospedagem, os serviços são entregues por meio de uma rede aberta para uso público.
Ali, o fornecedor presta serviços de infraestrutura a vários clientes gratuitamente ou mediante o pagamento de uma mensalidade pelos trabalhos oferecidos.
Vantagens
- graças à grande redução de custos e despesas operacionais que propõe, esse modelo de nuvem é mais econômico;
- atende às necessidades das empresas que trabalham com economia de escala, uma vez que os custos são compartilhados por todos os usuários.
Desvantagens
- o suporte oferecido geralmente é padronizado e pode ser limitado ou insuficiente;
- por ser muito abrangente e flexível, apresenta inúmeras possibilidades de configuração que tornam o gerenciamento complexo.
Modelos de nuvem pública são indicados para empreendimentos que têm necessidades dinâmicas e/ou imprevistas, missões críticas, notificações e alarmes de segurança, bem como altas demandas por gerenciamento de tempo e tarefas.
Nuvem privada
Esse modelo é conhecido também como nuvem interna. A nuvem privada tem estrutura totalmente baseada em um ambiente fechado e, como o próprio nome indica, é controlada internamente pela empresa que utiliza os serviços.
Vantagem
- total flexibilidade para personalização da infraestrutura e do ambiente às necessidades gerais da empresa.
Desvantagens
- requer investimentos em equipamentos físicos e manutenção de recursos ociosos para atender picos de demanda;
- é necessário ter uma equipe técnica altamente especializada e dedicada;
- em casos de desastres naturais e roubos de dados internos, a nuvem privada pode ficar propensa a vulnerabilidades.
Normalmente, as empresas que optam pela nuvem privada são aquelas que já fizeram grandes investimentos em servidores e módulos de armazenamento.
Outra categoria que prefere esse modelo engloba as empresas que têm sistemas difíceis de serem migrados e cuja operação fez que a equipe de infraestrutura se tornasse extremamente competente para a gestão do ambiente.
Há, ainda, as empresas que se restringem à nuvem privada por motivos regulatórios. Já existe, porém, um grande número de regulações que estão se ajustando às novas realidades tecnológicas.
Nuvem híbrida
É uma computação em nuvem combinada. Pode ser, por exemplo, um arranjo de dois ou mais servidores — alocados em modelos de nuvem diferentes — trabalhando juntos e compartilhando dados em tempo real. Os recursos podem estar em uma nuvem privada e uma pública, que permanecem distintas, ainda que integradas.
Em uma nuvem híbrida, os recursos são gerenciados e fornecidos internamente e por provedores externos. Trata-se de uma combinação das duas plataformas, em que as trocas de carga de trabalho entre a nuvem privada e a pública ocorrem conforme a necessidade e a demanda.
Existem soluções híbridas que usam servidores dedicados para cargas mais específicas.
Vantagens
- os benefícios encontrados em ambos os modelos (nuvem pública e nuvem privada) podem ser usufruídos ao mesmo tempo;
- permite que se aumente a capacidade por agregação, assimilação ou personalização, adicionando outros pacotes de serviços.
Desvantagem
- alta complexidade do ambiente;
- segurança de dados entre os ambientes público e privado requer atenção especial;
- requer grande largura de banda de comunicação para o tráfego de dados entre as nuvens.
As companhias que já têm infraestrutura própria, por exemplo, podem implementar um modelo de nuvem híbrida como estratégia de negócios. Ao enfrentar picos de demanda, os recursos adicionais exigidos por um aplicativo específico podem ser acessados a partir da nuvem pública.
É comum, ainda, que as organizações usem o modelo híbrido quando precisam processar grandes volumes de dados. Pode-se, por exemplo, manter informações de vendas, negócios e outros dados na nuvem privada enquanto se executa as operações de análise na nuvem pública.
Esse tipo de hospedagem ajuda a empresa a equilibrar os níveis de escalabilidade, flexibilidade e personalização necessários. É um serviço que tem como base as políticas de provisionamento, utilização e gestão e procura respeitá-las usando uma mistura de serviços em nuvem internos e externos.
Em uma nuvem híbrida, pode-se usar um modelo privado para atender a requisitos específicos, controle e maior segurança, em conjunto com um público, para garantir a escala sob demanda.
Múltiplas nuvens
O modelo de múltiplas nuvens (multicloud) envolve o uso de diferentes serviços de nuvem pública, vindas de fornecedores distintos, para tarefas diversas em um mesmo ambiente de TI.
A ideia da multicloud é criar a solução mais adequada às necessidades do cliente, ou seja, é um conceito que combina tecnologia, proximidade com o negócio e pessoas.
Seu maior diferencial é a possibilidade de misturar serviços de fornecedores diferentes: assim, é possível oferecer suporte a aplicações com necessidades específicas, utilizando o serviço mais adequado ao seu negócio de cada fornecedor de computação em nuvem. E, o melhor, não é necessário se adaptar a uma solução que não atende totalmente sua demanda e particularidades, ou seja, os processos de sua empresa podem ser otimizados.
Empresas com características tipicamente digitais têm, nos últimos anos, modificado os mercados tradicionais e proporcionando novas experiências aos clientes. Paralelamente, as companhias convivem com o desafio de manter sistemas e processos legados enquanto são desafiadas a buscar inovação e agilidade.
Nesse cenário, é importante ter em mente que diferentes aplicações têm diferentes requisitos de nuvem e que há até aplicações que não funcionam adequadamente nesse ambiente. Esse é o contexto ideal para a abordagem multicloud pois permite usar nuvens com tecnologias e características diferentes.
Vantagens
- mais opções de escolhas para uso de soluções em nuvem para determinadas tarefas da empresa;
- aumento da redundância contra falhas e melhor gestão de riscos.
Desvantagens
- mais complexidade na gestão dos ambientes;
- necessidade de ferramentas para alocar e gerir melhor seus serviços em múltiplas nuvens.
A multicloud leva em consideração o fato de que as nuvens não são iguais e combina soluções diversas para maximizar os benefícios, ao mesmo tempo em que minimiza a dependência de um fornecedor específico e garante que não está presa a um contrato único.
Tipos de serviços
Além dos modelos de nuvem, é preciso ter atenção aos tipos de serviços disponíveis. Destacamos, a seguir, os mais comuns.
Software as a Service (SaaS)
É o tipo mais conhecido e utilizado de armazenamento online, principalmente pelos servidores de e-mail.
Entre as principais características do SaaS, podemos destacar o acesso a dados via web, o gerenciamento centralizado, as aplicações no modelo de um para vários (one-to-many) e as Application Programming Interfaces (APIs) — que permitem integrações externas.
Seu uso é aconselhado quando a empresa precisa fazer acessos remotos, como quando usa software de Customer Relationship Management (CRM) ou de Enterprise Relationship Program (ERP), aplicativos de gestão de redes sociais, de pessoas e de estratégias de marketing.
É recomendado, ainda, para quem vai fazer uso de curto prazo ou de forma sazonal, como acontece com os softwares de colaboração de projetos.
Platform as a Service (PaaS)
O conceito é semelhante ao SaaS. A diferença está no fato de que o SaaS é um software com serviços entregues pela web, e o PaaS é um ambiente de trabalho em que o usuário pode criar, hospedar, monitorar e controlar um site ou um aplicativo hospedado na nuvem.
É a solução ideal quando diversos desenvolvedores estão trabalhando em conjunto e precisam fazer interações externas. Também é bastante útil quando a empresa precisa aliar o trabalho de equipes e fazer a integração com serviços de bancos de dados em um ambiente mais complexo.
Infrastructure as a Service (IaaS)
O IaaS, como diz o nome, oferece toda a infraestrutura baseada na nuvem. A contratação é feita por recurso computacional (um, dois ou vários), o monitoramento é avançado, há um alto nível de escalabilidade e o custo é variável.
É um sistema que atende bem a demandas voláteis, como acontece, por exemplo, nas lojas virtuais. Também é um dos serviços em nuvem mais aconselháveis para empresas que crescem rapidamente e não têm capital disponível para investir em infraestrutura própria.
Os gestores estão compreendendo cada vez mais o potencial da computação em nuvem, mas, para ter sucesso no empreendimento, escolher o modelo mais adequado ao negócio é crucial.
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